quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ainda bem que a ciência não é Dogmática!


A característica principal de um cientista – seja ele qualquer tipo de cientista, e ser quer ser chamado de cientista – para mim é saber/ser consciente de que a ciência é uma especulação/ um jogo de plausibilidade que hoje com determinadas informações concluímos X e que daqui a alguns anos talvez concluiremos Y. A pessoas que não tem consciência disto não pode ser chamado de cientista.

Imagina se a ciência fosse dogmática, formando verdades absolutas.

Agora observe o que diz Jens Otto Harry Jespersen, linguista dinamarquês que especializou-se na gramática da língua inglesa.

“Há uma expressão que continuamente me ocorre quando penso na língua inglesa e a comparo a outras: ela parece se positivamente e expressamente masculina, é uma língua de homem adulto e tem bem pouco de infantil e feminino.
Para evidenciar um desses elementos, seleciono ao acaso, para fins de contrate, uma passagem na língua do Havaí: ‘I kona hiki Ana aku ilaila ua hookipa ia La oia ke aloha pemehuana loa’. Assim ela prossegue, sem uma única palavra terminada em consoante e nunca encontramos duas ou mais consoantes agrupadas. Alguém pode ter dúvidas de que, mesmo que essa língua soe agradável e seja repleta de música e harmonia, a impressão geral é de uma língua infantil e efeminada? Não se espera muito vigor ou energia de um povo que fala uma língua assim; ela parece amoldar-se apenas a habitantes de regiões ensolaradas onde o solo requer pouquíssimo trabalho do homem que o cultiva para produzir tudo o que ele quiser, e portanto onde a vida não traz a marca de uma luta árdua contra a natureza e os semelhantes. Em menor grau, encontramos a mesma estrutura fonética em línguas como italiano e o espanhol; porém muito diferente são nossas línguas setentrionais.”

(JESPERSEN, Otto. 1938. Grouth and structure of English language. Oxford: Brasil Blackwell,p.2-3 trad. Laura T. Mota, retirado de PINK, Steven, 2002. Tábula rasa: a negação contemporânea da natureza humana. São Paulo: Companhia das Letras, p 34-35)

Se a ciência fosse um dogma ainda estaríamos pensando como o Jespersen ou como outros anteriores a ele e acreditando que os povos que tem uma língua mais ‘vogaizadas’ seriam malandros, de vida fácil, sem energia e ainda que a língua desses povos serem infantis e efeminadas. Quantos a língua infantil será que os povos que tem línguas com maior número de encontros consonantais são superiores ao outros?

Lembremos que os índios que habitavam aqui antes da chegada dos portugueses já sabiam o que fazer com os idosos e não havia desigualdade social entre eles e as sociedades com as línguas “maduras” ainda tem esses problemas, formando os seus guetos.

Ainda bem que outros linguistas perceberam e apontaram os erros de Otto Jespersen e assim a ciência e linguística evoluíram.

Vendo isso só digo: Ainda bem que a ciência não é dogmática!

A todos, Liberdade de Consciência!

Pierre Mattos

Um comentário:

Peroratio disse...

Legal, Pierre!
Osvaldo.